sábado, 11 de abril de 2020

Interpretação de texto HOMEM NU


Leia o conto de Fernando Sabino para responder o que se pede:

O HOMEM NU
            
                        
        Ao acordar, disse para a mulher:
      — Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa.  Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
      — Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
      — Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.   Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
      Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.  Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
      Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
       — Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
       Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
        Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares...  Desta vez, era o homem da televisão!
        Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
        — Maria, por favor! Sou eu!
        Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
        Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
        — Ah, isso é que não!  — fez o homem nu, sobressaltado.
        E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pelo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
        — Isso é que não — repetiu, furioso.
        Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar.  Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador.  Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer?  Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
        — Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
         Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
        — Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso.  — Imagine que eu...
        A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
        — Valha-me Deus! O padeiro está nu!
        E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
        — Tem um homem pelado aqui na porta!
        Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
        — É um tarado!
        — Olha, que horror!
        — Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
        Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
        — Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
        Não era: era o cobrador da televisão.

Fernando Sabino. Extraída do livro de mesmo nome,
Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 65
1.             Que fato dá início ao conflito do conto?
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2.             No trecho “Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações.” A que coisas o personagem se refere?
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3.    Transcreva aqui um trecho do texto que contenha humor.
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4.    Em sua opinião, qual(is) o(s) momento(s) de maior tensão da conto?
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5.             Procure em um dicionário (ou no Google, se preferir) os significados das palavras retiradas do texto:
a)Vigarice ________________________________________________
b)Lanço _________________________________________________
c)Grotesco _______________________________________________
d)Encetar _________________________________________________
e)Estarrecida ______________________________________________

·         Quanto aos Elementos da Narrativa Literária, responda o que se pede: 
6.       Encontre no conto Homem Nu os seguintes elementos do enredo:
a)      Apresentação.
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b)      Complicação.
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c)       Clímax.
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d)      Desfecho.

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RESPOSTAS 

1. O homem não trouxe dinheiro para pagar a prestação da sua TV.

2. Ele refere-se ao fato de não querer dar uma explicação ao homem por não ter o dinheiro para pagar a sua TV.
3. "A velha estarrecida atirou os braços para cima soltou um grito:
--Valha-me Deus! O padeiro está nu"
4. Resposta pessoal. O momento em que a mulher chama a polícia ou quando ele abre a porta e se depara com o cobrador.
5.
a) Vigarice-ato de trapaça.
b) Grotesco-ridículo
c)Encetar - iniciar, começar
d)Estarrecida - espantada
6.
a) O homem explica para mulher que não tem dinheiro para pagar a TV
b) O homem tranca se para fora do apartamento completamente nu c) Quando "ouviu passos na escada lentos regulares vindo lá de baixo".
d) Ele abre a porta e percebe que o cobrador da televisão está lá fora.







segunda-feira, 6 de abril de 2020

Interpretação textual 6º ano


·        *  Leia o texto para responder o que se pede:

Tlalocan – mitologia asteca

Os astecas acreditavam na existência de um lugar chamado Mictlan que era o destino da maior parte dos mortais quando eles deixavam a Terra, independente da maneira como viveram. Porém, dependendo das condições, algumas almas tinham direito de ficar em outros lugares. Um deles era Tlalocan, que servia de morada para Tlaloc, o deus da chuva, um espaço reservado exclusivamente para aqueles que morriam por causa da chuva, dos raios, de doenças de pele ou ainda para os que haviam sido sacrificados à divindade.
Esse paraíso era descrito como um lugar calmo e repleto de flores e dança, o que parece fazer sentido, já que se tratava da casa do deus da chuva. As pessoas que sofriam de deformidades físicas, os quais os astecas acreditavam que viviam sob a proteção de Tlaloc, também tinham seu espaço garantido no paraíso. As almas que passavam por Tlalocan frequentemente reencarnavam, indo e voltando entre os reinos astecas.


1.      No texto, os adjetivos “calmo e repleto” referem-se a:
a)      Lugar.
b)      Flores.
c)      Dança.
d)     Sentido.

2.      Segundo o texto, Mictlan “era o destino da maior parte dos mortais quando eles deixavam a Terra”. No entanto, para chegar até Mictlan:
a)      Não era obrigatório ter feito somente boas ações.
b)      Ter feito somente boas ações na terra.
c)      Era preciso ter muitas riquezas.
d)     Dever-se-ia ser dono de muitas terras.


3.      Segundo a cultura Asteca, assinale a alternativa na qual não está descrita uma situação das pessoas que chegavam a Tlalocan:
a)      Aqueles que não morriam por causa da chuva.
b)      Pessoas que morriam por raios.
c)      Pessoas que morriam de doenças de pele.
d)     Aqueles que haviam sido sacrificados à divindade.

4.      Esse paraíso era descrito como um lugar calmo e repleto de flores e dança”. A quem a palavra em destaque se refere?
a)      Mictlan
b)      Tlalocan
c)       Tlaloc
d)     Lugar calmo




Atividade - Vozes Verbais - pronto para imprimir

  ATIVIDADE DE REFORÇO 1.     Reescreva as frases abaixo, transformando-as da voz ativa para a voz passiva analítica. Lembre-se de manter ...